quarta-feira, 2 de agosto de 2017

As curicacas da Praça da Prefeitura!


 Você conhece esta ave?
Foto: Rauter Silva

 Se você reside, trabalha ou está pelos arredores da Praça da Prefeitura pela manhã e ao fim da tarde, com certeza já ouviu uma ave "diferente" cantar (ouça a vocalização aqui), trata-se da curicaca (Theristicus caudatus) que também é conhecida como despertador em algumas regiões do país , se você já a conhece, sabe muito bem o porquê do apelido carinhoso.  
 Seu bico, longo e curvo, é adaptado para extração os insetos da terra, sua dieta é bastante diversificada apresentando: artrópodes, lagartos, ratos, caramujos, anfíbios, pequenas serpentes e até mesmo aves menores.
Foto: Luís Eduardo Santos


 Costuma pôr de dois a quatro ovos, em ninhos de gravetos nas árvores ou mesmo grandes rochas nos campos, um exemplo de ninho de gravetos pode ser visto nas araucárias da praça, se você prestar bem atenção. 
Curicacas no ninho. Foto: Hyago Ochôa


 Esta espécie está presente em grande parte do Brasil, onde haja vegetação aberta e lagoas, campos em solos pantanosos ou periodicamente alagados, ambiente bem diferente do que encontramos no centro da cidade, é por isso que esta família se desloca o dia todo em busca de alimento, retornando ao fim da tarde e marcando este retorno com sua vocalização marcante.







 Se você deseja conhecer as curicacas, prepare sua câmera/binóculo e fique com os olhos e ouvidos atentos por volta das 9 da manhã e às 6 da tarde aos arredores da Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões, ou se preferir, entre em contato conosco que teremos o maior prazer em apresentá-las!
Esperamos que tenham gostado!
Até breve. 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Saída do mês de março

Domingo (20/03) foi dia de rever os amigos, colocar o papo em dia e passarinhar, como é o de costume nas saídas mensais dos observadores do planalto médio. Desta vez retornamos ao Parque Estadual do Papagaio Charão, situado na cidade de Sarandi/RS e onde foi o primeiro encontro do grupo de Palmeira com os demais observadores, em 2014.
A Unidade de Conservação visitada possui 1.000 hectares de transição entre floresta ombrófila mista (floresta de araucárias) e campos, e a expectativa do grupo era grande quanto às espécies que lá residem.
Saímos de Palmeira pouco depois das 5:30 da manhã, juntamente com nossos pupilos Ramiro e Pâmela e o motorista da vez Luís Eduardo Fritsch. A previsão para o dia era de chuva, mas alguns pingos na estrada não diminuíram a ansiedade pela chegada.
Chegamos na sede recepcionados pelo cantar da seriema (Cariama cristata) que já nos deu ideia do que estava por vir. Enquanto o grupo crescia o inhambuguaçu (Crypturellus obsoletus) abriu o peito deixando todos atentos.
Foi neste momento que o Cadu alertou: Papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea)! E lá vinham eles, vocalizando, um bando de aproximadamente 15 indivíduos, realizando meu sonho particular (Thuani) e dando início aos lifers do dia.
Papagaio-do-peito-roxo por Thuani Saldanha
Após isso adentramos a trilha e de cara já foi possível avistar um pica-pau-dourado (Piculus aurulentus) que se alimentava, seguindo um pouco adiante foi possível efetuar alguns registros novos para a cidade tais como: pichororé (Synallaxis ruficapilla), anambé-branco-de-rabo-preto (Tityra cayana). 
Anambé-branco-de-rabo-preto por Ricardo Grigolo
  
Pichororé por Danielle Bellagamba
 Em seguida foi avistada uma guaracava-de-crista-alaranjada (Myiopagis viridicata), a qual deu show de acrobacias na copa das árvores atraindo a atenção dos observadores, e que em seguida pousou e pode ser fotografada perfeitamente. Quem também deu o ar da graça nesse meio tempo foi um cabecinha-castanha fêmea (Pyrrhocoma ruficeps), como sempre fugindo das câmeras e dificultando um bom registro. 
Então seguimos a caminhada, até escutarmos a vocalização de um flautim (Schiffornis virescens), este sim mobilizou o grupo e deu um trabalhão para ser registrado, uma vez que sua plumagem é verde-oliva e dificulta  sua visualização e ainda mais a fotografia, mas ainda assim saíram ótimos registros.

Flautim por Pedro Sessegolo
Os tucanos-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) foram escutados mas não deram o ar da graça assim como o tangará (Chiroxiphia caudata), no primeiro momento.

Tangará por Paulo Bertagnolli

Foi então que o amigo Pedro Sessegolo, ao adentrar da mata à procura de algo novo, foi presenteado com uma espécie sensacional a coruja-listrada (Strix hylophila) que ao ver sua câmera fez questão de posar para a foto, tanto é que ficou como melhor foto da espécie no site Wikiaves. Em segundo momento o amigo Paulo Bertagnolli conseguiu excelentes fotos da coruja.
Coruja-listrada por Pedro Sessegolo
Quando se achava que não poderíamos ser mais presenteados apareceu a espécie do dia, tratava-se do  papa-lagarta-de-euler (Coccyzus euleri) o qual possui apenas três registros no estado. A euforia tomou conta do grupo, pois trata-se de uma ave rara, não podemos deixar de agradecer ao colega biólogo Ricardo Grigolo que avistou a ave.
Papa-lagarta-de-Euler por Ricardo Grigolo

Então já era hora do almoço, como de costume chegamos até a cachoeira para realizar a refeição e confraternizar mais uma vez com essa galera sensacional, após o almoço se deu o retorno para a sede do parque, onde outras espécies interessante deram as caras arapaçu-verde (Sittasomus griseicapillus) chupa-dente (Conopophaga lineata), tangará (Chiroxiphia caudata), patinho (Platyrinchus mystaceus), tiê-de-topete (Lanio melanops).
Patinho por Danielle Bellagamba
Chupa-dente por Ingrid Sessegolo
Após 10km de caminhada retornamos à sede e nos despedimos para retornarmos ao lar, mas os lifers não terminaram por aí e no caminho da cidade o pessoal conseguiu registrar a andorinha-de-dorso-acanelado (Petrochelidon pyrrhonota).
Andorinha-de-dorso-acanelado por Luis Eduardo Fritsch
E assim se deu por encerrada mais uma saída mensal do grupo Observadores de Aves do Planalto Médio, ficamos no aguardo pela próxima passarinhada.

Bida e Thuani









domingo, 6 de março de 2016

De volta ao Parque Estadual do Turvo

Sempre que a possibilidade de ir ao Parque Estadual do Turvo surge, nossos corações vibram de alegria, afinal são 17.491 hectares que sempre nos reservam grandes surpresas. E desta vez não foi diferente. Há dias programávamos a ida, mas o tempo não quis colaborar, até que neste sábado (05/03) o tempo bom nos presenteou.
Com saída marcada para às 5:30 nos direcionamos ao “Turvo Maravilha”, como sempre ansiosos e na companhia da nossa micóloga e parceira de sempre Bárbara Botura e do pai do Bida, Luiz Fernando.
Chegamos ao Parque um pouco antes do esperado e não pudemos contar com a presença do “Homem Turvo” Dante Meller que nos aguardava há dias. Mas como já se esperava, o tempo nunca é desperdiçado no Parque e enquanto aguardávamos a permissão para entrar na trilha já ouvíamos cantos interessantes, foi quando um casal de juruva-verde (Baryphthengus ruficapillus) resolveu acusar presença, emitindo sua vocalização, enquanto fotografávamos esta espécie outras também resolveram aparecer, bem como tietinga (Cissopis leverianus) e gralha picaça (Cyanocorax chrysops), ambos de beleza peculiar.
Casal de juruva-verde (Baryphthengus ruficapillus)
Juruva-verde (Baryphthengus ruficapillus)

 Tietinga (Cissopis leverianus)


Gralha picaça (Cyanocorax chrysops)


Limpa-folha-ocráceo (Anabacerthia lichtensteini)
Então resolvemos seguir a trilha principal de acesso ao Salto do Yucumã e logo na entrada já contamos com a presença do limpa-folha-ocráceo (Anabacerthia lichtensteini) que já conhecíamos de outras idas, mas não tínhamos foto (lifer para nosso perfil no Wikiaves). Esta espécie só foi encontrada em duas cidades do nosso estado, sendo elas Derrubadas e Tenente Portela, podendo ser confundida com o limpa-folha-de-testa-baia (Philydor rufum), já registrado por nós anteriormente.

O tucano-de-bico-verde também apareceu, mas não possibilitou foto, assim como um bando de maitaca-verde (Pionus maximiliani) que passou por nós voando e vocalizando. Em seguida seguimos a trilha e notamos a presença de um morador que gosta de ser notado, tratava-se de uma fêmea de surucuá-variado (Trogon surrucura) que nos observava sem emitir nenhum som. 

Surucuá-variado (Trogon surrucura)
Ao chegar na lagoa das marrecas já avistamos os moradores que sempre encontramos, o pato-do-mato (Cairina moschata, lifer para a Thuani), um casal de pé-vermelho (Amazonetta brasiliensis), um mergulhão-pequeno (Tachybaptus dominicus) e um bando de frango-d’água-comum (Gallinula galeata).  
 Pato-do-mato (Cairina moschata)
Após isso foi a vez de espécies que nos encantam com a coloração das penas, são elas: benedito-de-testa-amarela (Melanerpes flavifrons), saíra-de-papo-preto (Hemithraupis guira) e o anambé-de-bochecha-parda (Tityra inquisitor) enquanto a tovaca-campainha (Chamaeza campanisona) nos acompanhava com seu canto, mas não nos dava a honra de sua presença.
Saíra-de-papo-preto (Hemithraupis guira)

Benedito-de-testa-amarela (Melanerpes flavifrons)
Caminhamos aproximadamente 2km e devido à hora (aproximadamente 11) o silêncio já era evidente e já estávamos satisfeitos com as espécies que vimos/ouvimos, foi então que uma vocalização forte ecoou sobre a mata e parecia se aproximar de nós, voltamos até um local em que pudéssemos observar o céu abertamente e avistamos um gavião de grande porte, a princípio pensávamos que pudesse ser o gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) ou o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), afinal a foto não permitia uma boa identificação, mas sabíamos que algo grandioso estava por vir. Ao chegar à sede consultamos o bom e velho Wikiaves, que nos mostrou as características diagnósticas da espécie, era o gavião-de-penacho (Spizaetus ornatos)!Mesmo assim, enviamos a foto ao Dante que nos confirmou eufórico.
Gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus)
Gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) no Parque Estadual do Turvo em maio de 2015. Foto: Dante Meller 
E ao final de tudo aquele sentimento que só o Turvo nos reserva tomou conta: “valeu a pena voltar”.
Abraços

Thuani e Bida

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Saída mensal dos Observadores de Aves do Planalto Médio.

Ontem (20/02), como programado, nosso dia começou cedo, por volta das 6 da manhã, quando começamos a nos organizar para a saída mensal dos observadores de aves do planalto médio, desta vez aqui na cidade. O ponto de encontro, como de costume, foi no trevo da cidade onde aos poucos o pessoal foi chegando de Cruz Alta, Carazinho, Passo Fundo, Casca, Erval Seco, Marau e Uruguaiana. Após o reencontro, partimos para a propriedade do nosso amigo Michel, que desta vez não pôde estar presente, mas que nos cedeu o espaço sem pestanejar.
Na chegada já conseguimos fotografar o joão-botina-do-brejo (Phacellodomus ferrugineigula), ave com ocorrência registrada em apenas duas cidades da região (Palmeira das Missões e Ajuricaba). 
 João-botina-do-brejo (Phacellodomus ferrugineigulaFoto: Luís Eduardo dos Santos
Enquanto estávamos de olho no banhado, aproximava-se de nós, em voo, o rapinante que carrega o nome deste ambiente, tratava-se do imponente gavião-do-banhado (Circus buffoni) que em segundos desapareceu no horizonte.
Gavião-do-banhado (Circus buffoni). Foto: Carlos Eduardo Agne
Ao chegar na trilha da mata foi a vez dos pequenos notáveis. Três espécies de caneleiro puderam ser observadas, estas são: caneleiro (Pachyramphus castaneus), caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus validus) e caneleiro preto (Pachyramphus polychopterus).  
Caneleiro (Pachyramphus castaneus). Foto: Carlos Eduardo Agne.
Caneleiro-preto (Pachyramphus polychopterus). Foto: Luís Eduardo dos Santos.
A guaracava-de-crista-alaranjada (Myiopagis viridicata) e a guaracava-cinzenta (Myiopagis caniceps) também puderam ser ouvidas e fotografadas. 
Guaracava-de-crista-alaranjada (Myiopagis viridicata). Foto: Thuani Saldanha

Guaracava-cinzenta (Myiopagis caniceps). Foto: Luís Eduardo Santos.
O cisqueiro (Clibanornis dendrocolaptoides), sempre muito apreciado devido ao status de quase ameaçado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e também pela sua distribuição curiosa, também marcou presença em nossa saída e “deu mole” para quem quisesse fotografá-lo, o que não é comum.
Cisqueiro (Clibanornis dendrocolaptoides). Foto: Cláudio Longo.
Após o almoço improvisado continuamos a saída, desta vez na UFSM, onde a chuva atrasou, mas não impediu a chegada do ferreirinho-relógio (Todirostrum cinereum), um lifer esperado para alguns membros do grupo.
Encerramos nossa saída mensal por volta das 15 horas, satisfeitos com os registros e com a excelente companhia. Deixamos aqui nosso agradecimento como anfitriões do mês (juntamente com a Dani) pela presença e pelas boas risadas, é sempre bom tê-los conosco, voltem sempre!
A lista completa das aves registradas pode ser encontrada aqui




E para finalizar esta postagem, não poderíamos deixar de homenagear nossa especialista em fungos Bárbara Botura, que nos acompanhou e nos mostrou um mundo completamente diferente do que estamos habituados.
Fotos: Thuani Saldanha

Um forte abraço
Thuani e Luís

Bichoita (Schoeniophylax phryganophilus). Foto: Claudio Longo.

Limpa-folha-de-testa-baia (Philydor rufum). Foto: Vilson Daneli Junior
Tico-tico-do-campo (Ammodramus humeralis). Foto: Rubens Stuginski Jr.
Surucuá-variado (Trogon surrucura). Foto: Carlos Eduardo Agne



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

De tanto procurar nas torres, um dia ele estava lá...

                             
                          
Ontem dia 2/2/ 2016 pela tarde eu e a Thuani resolvemos ir caminhar no Parque de Exposições de Palmeira das Missões e convidamos nossa amiga Bárbara Botura. Chegando ao local é impossível deixar passar em branco as tantas vocalizações que lá ecoam e a cada passo que dávamos uma vocalização se escutava, logo parávamos para ver do que se tratava.
(O parque é povoado por inúmeras espécies de beija-flores tais como: Beija-flor-dourado (Hylocharis chrysura), besourinho-de-bico-vermelho Chlorostilbon lucidus) e beija-flor-de-veste-preta (Anthracothorax nigricollis).
Após a caminhada resolvermos descansar a margem do lago, onde dois filhotes de bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) estavam totalmente à vontade na nossa presença e ensaiavam mergulhos juntamente com as andorinhas-serradoras (Stelgidopteryx ruficollis).
Então escutamos suiriris (Tyrannus melancholicus) e tesourinhas (Tyrannus savana) vocalizando em tom de emergência, logo a Bárbara fala: “O que é isso?” rapidamente Thuani e eu olhamos para cima e lá estava um imponente gavião-do-banhado (Circus buffoni), uma ave sensacional  que possui de 46 a 60 cm comprimento, planando sobre nossas cabeças e como de costume sendo afugentada.
Após apreciar essa bela cena, fomos embora e encontramos a Manoella, que se juntou a nós e pode registrar a euforia quando o telefone tocou e eu escutei: “Bida, tem um falcão –peregrino (Falco peregrinus) aqui em uma torre”, era nosso companheiro de profissão Hyago e sua noiva Lynara que estavam nos esperando para compartilhar este lifer. Saímos em disparada e não deu outra, lá estava ele, no alto da torre (como o Dante havia nos falado), imponente. Porém não tínhamos câmera conosco e aí se iniciava mais uma corrida contra o tempo, esperando que ele continuasse lá.




Este falcão mede de 39 a 50 cm e possui uma envergadura de asa de 89-119 cm, além de ser um especialista na captura de aves, roedores e morcegos, não podemos deixar de falar que é o animal mais rápido de todos podendo ultrapassar os 300km/h em um voo picado, além de que é uma ave migratória e que alguns indivíduos chegam a percorrer cerca de 20 mil km.


Graças a nossa amiga Manoella, que exerceu seu ótimo papel de jornalista, tivemos belos registros deste momento surreal na nossa caminhada de passarinhólogos.



Bida e 50x de zoom